sábado, 23 de outubro de 2010

PRIMEIRO BEIJO

História de primeiro beijo é história de amor ou história de quase amor. Na pior das hipóteses, história de amor próprio. É história de lirismo, de poesia e de flores; é conto de fadas e de ascese; tem sabor de acordes líricos e cheiro de ansiedade. Seja em uma estátua nua, seja à luz da lua, primeiro beijo entorpece a alma com o vício do amor ou com a desculpa do amor. Assim comigo foi. Ou quase foi. Não foi exatamente porque dos bêbados meu lirismo é, dos loucos seus acordes são e dos namorados é que não são. Meu primeiro beijo não foi em uma estatua nua tampouco à luz da lua. Foi mesmo no meio da rua de cujo nome não me lembro, um pouco depois da esquina. Em frente ao número 1859. Acalma-te. Explico-me. No meio da rua não acontecem apenas as mais sórdidas coisas, como agora pensas. Acontecem também primeiros beijos de adolescente, inocentes como eu o era.

Era apenas doze. Doze de setembro. Havia mais que vinte – pouco faltava para as nove da noite. E dezesseis. Eram os anos que, na minha vida, haviam se passado. Tinha, pois, dezesseis anos e não sabia o que era mulher. E não sabia mesmo. Não tinha computador nem coragem de comprar revistas. Mulher para mim eram Lara Croft, em Tomb-Raider; Débora Seco e Camila Pitanga, em Caramuru – A invenção do Brasil. Nada mais. E isso muito me incomodava, já que todos os meus amigos diziam ter tido muito mais que isso. Como? Ora... não é difícil entender que mais vale nos braços do que Camila Pitanga na TV.. O fato é que eu era o único e já me sentia incomodado com essa situação.

Até que um dia apareceu ela. Ela não é quem pesastes. É a irmã dela. É? Sim. Exatamente. Apareceu a irmã dela, ela, para me falar dela. Dizer que tinha despertado o interesse dela, pedir para que eu pensasse nela, para ver se eu gostasse dela e topasse dar um beijo nela. Em resumo, ela queria que eu ficasse com sua irmã. Eu não pensei. Decidi logo que meu primeiro beijo seria dela e pedi a ela para avisar. E assim ficou combinado. Não lembro se escrevi cartinhas, ou algumas recebi dela recebi. Sei que contava os dias, conversando com ela, sobre a vida dela, as coisas dela e a idade dela. Isso porque, na verdade, eu não sabia nada sobre ela. Sabia quem era e como era. O suficiente na minha situação. Só conhecia muito bem ela – uma grande amiga.

Compartilhava a minha euforia com meus amigos. Foram logo me avisando do dente e da língua; da língua e do dente. Você vai ver! Você vai ver! Sempre terminavam dizendo isso, e eu louco para ver. Esperava um churrasco, armado exclusivamente para mim, como quem espera fim de expediente. Iria ver finalmente o sabor do beijo dela, que, para mim, era tão bom quanto ir ao espaço. Disso eu tinha certeza. Mal pensava em minhas obrigações – tarefas escolares e algumas músicas do Guns' n Roses para aprender a tocar no contra-baixo. Era só felicidade. Desde a oitava série, quando me perguntaram, pela primeira vez, sobre isso e sobre filmes pornôs, esperava por esse churrasco. Iria faltar apenas o filme depois dela.

E veio o churrasco. Noite fresca. Amena. Em 2003 fazíamos churrascos com cinco reais cada um, e, mesmo assim, dava o que fazer para consegui-los com meus pais. Nesse eu precisei de dez. Paguei o dela, afinal, queria que outras primeiras coisas da vida também acontecessem comigo naquele dia. Vestia uma camiseta vermelha que a tenho ainda – quem me conhece sabe que não a guardo por esse motivo; quem me conhece sabe que a guardo porque ainda posso usá-la em casa – um shorts do qual não me lembro e tênis. É! E isso tudo também. Lembro-me, sim, do tempo que gastei me preparando, com vaidade que causava estranhamento em quem se acostumara com filho roqueiro. Nada de correntes, calças rasgadas ou camisetas de bandas. Parecia gente, dizia minha mãe. E era o que eu precisava parecer: gente, afinal, era a noite em que a seria de fato gente, humano.

Cheguei cedo ao local. Queria perguntar mais sobre línguas e dentes. E, por chegar cedo, a espera foi eterna. Ela e a irmã dela não apareciam. Já cria que havia levado um bolo – o primeiro, riam meus amigos – mas não foi bolo, não. Ela e a irmã dela chegaram. Primeiro ela, com aquela cara de quem cometeu algo errado. Na verdade, olhava-me como se eu fosse o cara mais safado da cidade. Justo eu, que estava ali, naquele dia, para deixar de ser o que sempre ficava preso à pergunta da oitava série, sem se safar nunca. E após ela, a irmã dela. Ela me passou todas as instruções de como devia agir perto dela. E para perto dela fui. Sem jeito, sem nunca ter trocado uma palavra, achando que era só chegar, ir, ir e... Mas não foi. O que se foi foi a simpatia dela. No meio de todos, também! Pensei que estava tudo perdido. Mas ela estava decidia e deu um jeito nela. Mandou-nos dar uma volta.

Saímos. Caminhávamos pela rua, minha mão próxima a dela, sem encostar. Andávamos rua a cima, conversando coisas frívolas. Eu não fazia ideia sobre o que ela pensava. Eu pensava em resolver aquilo logo. A pergunta da oitava... Queria poder me safar da pergunta da oitava série, ser um safado realmente, e tornar-me homem. O clima era tenso e o caminho já nos cansava, afinal, passos rápidos, corações ansiosos, subida – levei-a para caminhar na subida. E morro acima andávamos, até que a falta de destino nos fez parar e ficar embaixo de uma árvore, em frente ao 1859. Era o momento. Agarrei-as. Suas mãos estavam geladas, assim como as minhas, e falei sobre aquele ser um momento único, sobre as estrelas – abobrinhas que via em novelas. Ela não respondia, não falava nada e fez meu repertório pequeno de iniciante, de BV – não a financeira – acabar. E tudo estava perdido. Já estava desistindo, quando recebi um puxão e um beijo dela. Um beijo de verdade. No meio da rua cujo nome não sei até hoje, um pouco depois da esquina, em frete ao número 1859.

Finalmente! Como queria voltar a oitava série e olhar na cara de todos. Sim, lógico. Mas o Guilherminho, duvido! E rir. Não era possível, mas foi o que me passou pela cabeça quando terminamos. Estava apaixonado. Apaixonado por mim mesmo! Narciso, chamei-me, e o meu reflexo adorei. Como era bom! Sentia-me como quem tivera cumprido uma missão. Talvez dela fosse essa a impressão também. Não sei. E, depois da árdua subida, descemos – leves, sem conversar: eu com a certeza de ter feito o que tinha para fazer e, provavelmente, dela era essa a certeza também. Nunca descer a rua foi tão bom. Nunca pensei que teria, guardadas comigo, lembranças de uma rua descida. E descemos. E chegamos a casa onde o churrasco acontecia.

Ela veio correndo em nossa direção, deu um grito, e a atenção de todos chamou! Aplaudiram! Dei risadas e notei a vergonha dela. O que será que pensavam de mim e dela? Depois dessa recepção eu me afastei dela e fui conversar com ela. Disse tudo, não tinha a malícia da criatividade ainda. Ela achou "bonitinho", passou a me chamar de cunhado. Eu apenas ria. Falei tudo aos meus amigos também, sem a malícia da criatividade. Eles comemoraram. Aleluia! Irmão, diziam uns para brincar com querido amigo protestante, dono da casa. Era tudo diversão. E eu só queria isso: contar. Não me aproximei mais dela durante a festa, devido à minha agenda de contador de histórias cheia. Apenas no final: ela falou que sabia da fome dela e que era para eu levar uma linguiça ao prato dela. Fui à churrasqueira fria, peguei uma lingüiça e levei-lha.

Após esse ato nunca mais tive notícias dela. Após esse ato entendi que meu primeiro beijo não me fizera safado nem um pouco. Após esse ato entendi a importância da estatua nua.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

EXERCÍCIOS – TIPOS DE SUJEITO

1. Identifique e Classifique o Sujeito:

a) Haverá reunião todos os sábados.

b) Além do frio ventava demais.

c) São Paulo está ensolarado.

d) Febre alta e dor de cabeça são sintomas da dengue.

e) Prenderam o ladrão.

f) Faz muito calor em minha cidade.

g) Vive-se bem no campo.

h) Perdi minha caneta.

i) Não é habitada a Lua.

j) De vez em quando Teresinha vira onça.

k) Bateram à porta.

l) A temperatura aumentou na região sul.

m) O álbum e as figurinhas estão aqui.

n) Come-se com fartura em sua casa.

o) As chuvas transformaram o deserto.

p) Eram doze horas.

q) Existirão seres vivos em outros mundos?

r) Anoiteceu.

s) Chegaram os filhos da vizinha.

t) Crê-se em Deus.

u) Todos ficaram quietos.

v) Apareceu um mágico por lá.

w) Da cartola do mágico saem pombos e vários objetos.

x) Um dia lhe telefonarei.

y) Não encontraram o corpo do rapaz afogado.

z) Choveu garrafa vazia lá de cima.

2. Passe para o plural cada uma das orações seguintes. Depois indique o sujeito e o predicado de cada uma delas.

a) Ocorreu um fato surpreendente.

b) Sobrou muito pão na festa.

c) Basta-me uma frase de incentivo.

d) Faltou um Bom quadro naquela exposição.

e) Dói-me a perna.

f) Caiu um raio sobre aquela árvore.

g) Desabou um temporal muito forte ontem à noite.

h) Existe uma cultura muito rica no interior deste país.

i) Teu trabalho foi elogiado por todos.

j) Cometeu-se grande injustiça com aquele jogador.

3. Aponte e classifique o sujeito das orações abaixo.

a) Naquela hora, tocou o sino.

b) Veio-me à lembrança uma imagem poética.

c) Passou-me pela memória uma velha lembrança.

d) Explodiu nova crise no Oriente Médio.

e) Surgiu um novo medicamento contra a doença.

f) Teria ele condição de enfrentar a crise econômica?

g) São cada vez mais freqüentes as denúncias de abuso de autoridade contra a polícia.

h) Industriais e industriários não se entenderam sobre salários e condições de trabalho.

4. Reescreva cada uma das orações abaixo de acordo com o modelo proposto.

Alguém precisa de ajuda.

Precisa-se de ajuda.

a) Alguém acredita em dias mais felizes.

b) Alguém crê em tempos menos bicudos.

c) Alguém necessita de auxílio.

d) Alguém apelou para os mais poderosos.

e) Alguém assistiu a filmes de terror.

f) Alguém aspira ao bem-estar social.

g) Alguém obedece aos impulsos mais nobres.

h) Alguém tratou de assuntos sérios naquele debate.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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EXERCÍCIOS – USO DOS PORQUÊS

>> No Lugar dos Asteriscos Coloque: Por Que, Porque, Por Quê ou Porquê:

01 - Quero saber ** estou assim.

02 - Foi reprovado e não sabe **.

03 - ** você está tão aborrecida?

04 - Não vais à aula **?

05 - Paulo não veio à aula ** não tem caderno.

06 - Ignora-se o ** da sua renúncia.

07 - São ásperos os caminhos ** passei.

08 - Não veio à aula ** não tem caderno?

09 - Não foi ao baile, ** não tinha roupa.

10 - Não se sabe ** estavas tu, na época, interessado.

11 - Quero saber ** foste reprovado.

12 - ** os países vivem em guerra?

13 - Quero saber o ** de sua decisão.

14 - ** sinais o reconheceram?

15 - Não sei ** motivo ele deixou o emprego.

16 - Ele não viajou **?

17 - Eram os nomes de solteiras ** as havia chamado.

18 - Eis ** o trânsito está congestionado.

19 - Ele viajou ** foi chamado para assinar contrato.

20 - Todos lutamos ** haja maior justiça social.

21 - Ele deve estar em casa ** a luz está acesa.

22 - Estávamos ansiosos ** ela voltasse.

23 - Este é o caminho ** seguiu.

24 - A professora quer um ** para tudo isso.

25 - - Não saia, ** você ainda está febril.

26 - Estava triste sem saber **.

27 - Paulo não veio à aula ** não tem caderno.

28 - O diretor nos advertiu e perguntamos **.

29 - Muitos protestaram mas não havia **.

30 - Vocês brigaram, meu Deus, **?

31 - Chegue cedo ** o estádio vai ficar lotado.

32 - O espetáculo foi cancelado ** não havia teatro disponível.

33 - É um drama ** muitos estão passando.

34 - Ele não foi ** estava doente.

35 - Abra a janela ** o calor está insuportável.

36 - Parou **?

37 - Se ele mentiu, eu queria saber **?

38 - ** você não foi?

39 - Gostaria de saber ** você não foi.

40 - Só eu sei as esquinas ** passei.

41 – A situação se agravou ** muita gente se omitiu.

42 – Dê-me ao menos um ** para sua atitude.

43 – Você tem coragem de perguntar **?!

44 – ** você agiu daquela maneira.

46 – Não se sabe ** tomaram tal decisão.

47 – Não sei **?

48 – Não julgues ** não te julgues.

49 – Creio que os verdadeiros ** mais uma vez não vieram à luz.

50 – Não é fácil encontrar o ** de toda essa confusão.

51 – Se há algo errado ** ninguém apareceu até agora.

52 – Lutamos ** um dia este país seja melhor.

53 – O túnel ** deveríamos passar desabou ontem.

54 – Claro. **?

55 – Não sei **!

56 - ** há poucas escolas no país.

57 – Não sei ** há poucas escolas no país.

58 – A chance ** esperava é essa.

59 – O avião não decolou **?

60 – Indaguei o ** do seu mau humor.

61 - ** você não fez a lição?

62 - Você não fez a lição. **?

63 - Não sei ** os jogadores estão discutindo.

64 - Aprender o uso dos ** é muito importante.

65 - Falo muito ** gosto.

66 - Ele não fez a lição ** não a entendeu.

67 - ** temos de economizar água?

68 - Muitos reclamaram das notas, mas não havia **.

69 - Você não me explicou os ** da sua demissão.

70 - Você não gosta de jiló, **?

>> Gabarito

01 - Quero saber por que estou assim. (pergunta indireta)

02 - Foi reprovado e não sabe por quê. (por qual motivo)

03 - Por que você está tão aborrecida? (pergunta direta)

04 - Não vais à aula por quê (razão)? (pergunta direta)

05 - Paulo não veio à aula porque (=pois) não tem caderno. (explicação)

06 - Ignora-se o porquê da sua renúncia. (o motivo = substantivo)

07 - São ásperos os caminhos por que passei. (pelo quais)

08 - Não veio à aula porque não tem caderno? (pergunta propondo resposta)

09 - Não foi ao baile, porque (pois) não tinha roupa. (explicação)

10 - Não se sabe por que estavas tu, na época, interessado. (por qual coisa)

11 - Quero saber por que foste reprovado. (pergunta indireta)

12 - Por que os países vivem em guerra? (pergunta direta)

13 - Quero saber o porquê (o motivo) de sua decisão. (substantivo)

14 - Por que (por quais) sinais o reconheceram? (pergunta direta)

15 - Não sei por que motivo ele deixou o emprego. (por qual)

16 - Ele não viajou por quê? (encerrando frase interrogativa)

17 - Eram os nomes de solteiras por que (pelos quais) as havia chamado.

18 - Eis por que (por qual razão) o trânsito está congestionado.

19 - Ele viajou porque (uma vez que) foi chamado para assinar contrato. (reposta)

20 - Todos lutamos porque (para que) haja maior justiça social.

21 - Ele deve estar em casa (pois) porque a luz está acesa. (resposta)

22 - Estávamos ansiosos porque (para que) ela voltasse.

23 - Este é o caminho por que (pelo qual) seguiu.

24 - A professora quer um porquê para tudo isso. (um = substantivo)

25 – Não saia, porque (pois) você ainda está febril.

26 - Estava triste sem saber por quê. (por qual motivo)

27 - Paulo não veio à aula porque (pois) não tem caderno.

28 - O diretor nos advertiu e perguntamos por quê. (por qual motivo)

29 - Muitos protestaram, mas não havia por quê. (motivo)

30 - Vocês brigaram, meu Deus, por quê? (pergunta direta)

31 - Chegue cedo (pois) porque o estádio vai ficar lotado. (explicação)

32 - O espetáculo foi cancelado porque (uma vez que) não havia teatro disponível. (resposta)

33 - É um drama por que muitos estão passando. (pelo qual)

34 - Ele não foi porque (pelo fato de que) estava doente. (resposta)

35 - Abra a janela (pois) porque o calor está insuportável. (explicação)

36 - Parou por quê? (encerrando frase interrogativa)

37 - Se ele mentiu, eu queria saber por quê? (por qual motivo)

38 - Por que você não foi? (frase interrogativa)

39 - Gostaria de saber por que você não foi. (pergunta indireta)

40 - Só eu sei as esquinas por que passei. (pelas quais)

41 – A situação se agravou porque (já que) muita gente se omitiu.

42 – Dê-me ao menos um porquê (um motivo) para sua atitude.

43 – Você tem coragem de perguntar por quê?! (pergunta direta)

44 – Por que você agiu daquela maneira. (pergunta indireta)

46 – Não se sabe por que (por qual razão) tomaram tal decisão.

47 – Não sei por quê? (pergunta direta)

48 – Não julgues porque (para que) não te julgues.

49 – Creio que os verdadeiros porquês (indagações) mais uma vez não vieram à luz.

50 – Não é fácil encontrar o porquê (o motivo) de toda essa confusão.

51 – Se há algo errado porque (como) ninguém apareceu até agora.

52 – Lutamos porque (para que) um dia este país seja melhor.

53 – O túnel por que (pelo qual) deveríamos passar desabou ontem.

54 – Claro. Por quê?

55 – Não sei por quê!

56 – Por que (por qual motivo) há poucas escolas no país?

57 – Não sei por que (por qual motivo) há poucas escolas no país.

58 – A chance por que (pela qual) esperava é essa.

59 – O avião não decolou por quê? (por qual razão)

60 – Indaguei o porquê do seu mau humor. (substantivo)

61 - Por que você não fez a lição?

62 - Você não fez a lição. Por quê?

63 - Não sei por que os jogadores estão discutindo.

64 - Aprender o uso dos porquês é muito importante.

65 - Falo muito porque gosto.

66 - Ele não fez a lição porque não a entendeu.

67 - Por que temos de economizar água?

68 - Muitos reclamaram das notas, mas não havia por quê.

69 - Você não me explicou os porquês da sua demissão.

70 - Você não gosta de jiló, por quê?

FONTE: Sítio Recanto das Letras.

domingo, 29 de agosto de 2010

VERBO - FLEXÃO DE MODO

Entende-se por modo a atitude que o falante assume em relação ao processo verbal (de certeza, de dúvida, de ordem, etc.) São três os modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

1. Modo Indicativo: apresenta o fato como certo, preciso, seja ele pretérito, presente ou futuro.

Respeitamos a natureza

2. Modo Subjuntivo: apresenta o fato como incerto, duvidoso.

Se respeitássemos a natureza, o mundo ficaria melhor.

3. Modo Imperativo: exprime uma ordem, um pedido ou um conselho.

Respeite a natureza.

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

domingo, 22 de agosto de 2010

CRASE

A palavra crase significa fusão, junção. Em português, ocorre a crase com as vogais idênticas (a + a), indicada, na escrita, pelo acento grave (`). É importante atentar que, embora idênticas, essas vogais pertencem a classes gramaticais diversas: o primeiro a é sempre uma preposição; o segundo pode ser um artigo feminino, a letra inicial dos pronomes demonstrativos aquele (s), aquela(s), aquilo; parte do pronome relativo a qual, as quais ou o pronome demonstrativo a.

Regra geral para identificação da ocorrência da crase

Ocorrerá crase sempre que o termo regente exigir a preposição a e o termo regido admitir o artigo a ou as.

Eu me referi (a + a) diretora Eu fui (a + a) cidade

Eu me referi à diretora. Eu fui à cidade.

Casos especiais

1. Expressões adverbiais

As expressões adverbiais, prepositivas e conjuntivas formadas por palavras femininas, tais como à noite, à tarde, à vista, às duas horas, à meia-noite, às vezes, às pressas, às escondidas, à moda de (mesmo se a palavra moda não aparecer) etc. devem receber o acento grave.

Ele estava à procura de uma loja que vendesse produtos à vista.

2. Crase facultativa

a) Diante de nome de pessoas

Ele fez referência à Sandra / Ele fez referência a Sandra.

b) Diante de pronomes possessivos femininos

Obedeço a minha irmã / Obedeço à minha irmã.

Como a crase é a junção da preposição a e o artigo feminino a, é importante atentar-se para a regra do artigo definido. Usa-se artigo definido diante de nomes próprios somente quando há intimidade ou familiaridade. O mesmo acontece quando há pronomes possessivos.

c) Depois da preposição até

Fomos até a feira. (Uso da preposição até)

Fomos até (a + a) feira. Fomos até à feira. (Uso da locução conjuntiva até a)

3. Crase diante de nome de lugares

Quando o nome próprio refere-se a um lugar e ele admitir o uso do artigo definido, ocorrerá crase.

Vou (a + a) Itália. Vou à Itália.

Para descobrir se o topônimo aceita artigo definido, pode-se utilizar o seguinte artifício: formulam-se frases utilizando o topônimo após a preposição de e sua contração da. Quando a contração for aceita, utilizar-se-á o acento grave quando houver a preposição a.

Venho da Itália Utiliza-se crase com o nome Itália porque ele aceita artigo definido.

Venho da Roma* Não ocorre crase com o nome Roma porque ele não aceita artigo definido.

Venho da imponente Roma Ocorre crase com o nome Roma porque ele aceita artigo definido.

4. Diante das palavras casa e terra

As palavras casa (no sentido de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme) não admitem a anteposição do artigo definido a. Por isso, não há uso do acento grave antes delas.

Voltamos cedo a casa.

Os marinheiros referiram-se a terra.

No entanto, caso essas palavras estejam determinadas, haverá o uso, pois elas passam a admitir o uso do artigo.

Voltamos cedo à casa de João.

Os marinheiros referiram-se à terra dos imigrantes.

5. Diante dos pronomes demonstrativos aquilo, aquela(s), aquele(s)

Sempre que a preposição a se localizar diante desses pronomes demonstrativos ocorrerá a crase.

Ele se referiu (a + a)quilo que você disse. Ele se referiu àquilo que você disse.

6. Diante dos pronomes relativos o qual, as quais

Sempre que um termo das orações introduzidas por esses pronomes exigir a preposição a e essa preposição os preceder, ocorrerá a crase.

A cidade (a +a) qual iremos[a] possui praias (a +as) quais chegaremos[a]

A cidade à qual iremos possui praias às quais chegaremos.

Os pronomes a qual e as quais introduzem duas orações compostas, respectivamente, pelos verbos iremos e chegaremos. Ambos os verbos exigem a preposição a.

7. Diante do pronome relativo que

A crase só ocorrerá antes do pronome relativo que, quando antes dele estiver o pronome demonstrativo a.

Essa camisa é igual (a + a) que eu comprei ontem. Essa camisa é igual à que comprei ontem.

Observe que, nesse caso, pode-se elaborar semelhante frase: Essa camisa é igual àquela que comprei ontem.

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

SINTAXE – FUNÇÃO DA PALAVRA ‘SE’

1. Conjunção: Relaciona entre si duas orações, Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção a palavra se pode ser:

a) conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada substantiva.

Perguntei se ele estava satisfeito.

b) Conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condicional.

Se todos tivessem estudado, as notas seriam altas.

2. Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce.

Ele se morria de ciúmes da namorada.

3. Parte integrante do verbo: faz parte dos verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função sintática.

Ajoelhou-se no chão e rezou.

4. Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passiva sintética, É também chamada de pronome apassivador.Nesse caso, não exerce propriamente uma função sintática, seu papel é apenas apassivar o verbo.

Aluga-se carro.

5. Índice de indeterminação do sujeito: vem ligado a um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente uma função sintática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa do singular.

Vive-se bem aqui.

6. Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblíquo se sempre será reflexivo. (equivalendo a si mesmo), podendo assumir as seguintes funções sintáticas.

a) Objeto direto

Ele se cortou com a faca.

b) Objeto indireto

Ele se arroga direitos que não possui.

c) Sujeito de um infinitivo

"Sofia deixou-se estar à janela." (Machado de Assis)

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

GÊNERO – ARTIGO DE OPINIÃO

Artigos de opinião, também conhecidos como artigos assinados, são gêneros que circulam na mídia impressa com o objetivo de apresentar a opinião de seu autor sobre determinado assunto. São textos polêmicos, que buscam persuadir o leitor a concordar com seu ponto de vista e, dessa forma, se tornar mais um simpatizante de sua causa. Por vezes os articulistas – pessoas que escrevem artigo de opinião para – tornam-se personalidades influentes na sociedade. São escritores, especialistas em determinada área, jornalistas, todos imbuídos de fazer sua opinião ter espaço no grande debate midiático.

Devido ao seu aspecto argumentativo, prevalece no artigo de opinião a seqüência tipológica argumentativa. Isso faz o texto apresentar, além do título, uma introdução, na qual uma tese é exposta, um desenvolvimento, no qual argumentos que sustentam essa tese são trabalhados e uma conclusão responsável por reafirmar a tese ou provocar o leitor. A presença da seqüência tipológica argumentativa não retira a subjetividade dos artigos. Eles tanto podem ser redigidos em primeira pessoa (e apresentarem as inúmeras outras marcas de subjetividades que a língua permite), quanto redigidos em terceira pessoa, buscando o máximo de objetividade possível.

Dessa forma, ser um articulista requer habilidade argumentativa (conhecimento dos tipos de argumentos existentes) e profundo conhecimento da língua portuguesa. Ainda é necessário ter convicção de sua opinião sobre o assunto que se pretende tratar e visão ampla sobre seu interlocutor, uma vez que o articulista busca também influenciar seus leitores.

A URNA E A ESCOLA

Roberto Pompeu de Toleto

OTribunal Superior Eleitoral divulgou na semana passada o tamanho e o perfil do eleitorado brasileiro. Quanto ao grau de instrução, dos 135,8 milhões de eleitores, 5,9% são analfabetos, 14,6% dizem saber ler e escrever, mas não frequentaram a escola, e 33% frequentaram a escola mas não chegaram a concluir o 1º grau. Na soma das três categorias, 53,5% do eleitorado na melhor das hipóteses resvalou pela escola. Antes de mais nada, esses porcentuais são de desmontar o delírio de Brasil Grande que assola o país, a começar pela mente desavisada do presidente de turno. Não há país que tenha passado a desenvolvido ostentando tão pobres índices de nível educacional.

Outro lado da questão é a ameaça à qualidade da democracia brasileira, representada por um eleitorado tão mal equipado para se informar, entender o processo e julgar os candidatos. Essa afirmação merece um desconto. Não é que a outra parte do eleitorado – os 46,5% que têm pelo menos o 1º grau completo – seja uma garantia de voto consciente. Sob a Constituição de 1946, os analfabetos estavam impedidos de votar. Nem por isso o período deixou de ser dominado pelos demagogos e pelos coronéis e de abrigar na vida pública corruptos tão notórios quanto os da cena atual. Mas saber ler e interpretar um texto será sempre um instrumento precioso para quem se dispõe a distinguir uma tendência política de outra e a melhor identificar os próprios interesses.

A parte menos informada do eleitorado é em tese a mais sujeita à manipulação. Isso é um problema para a democracia porque, segundo escreveu o cientista político Leonardo Barrem na Folha de S.Paulo, "ela é um sistema interminável que funciona na base da tentativa e erro: punindo os políticos ruins e premiando os bons". O melhor da frase de Barreto é a classificação da democracia como um "sistema interminável". Ela não fecha. Quem fecha, e afirma-se como ponto final das possibilidades de boa condução das sociedades, é a ditadura. Por sua própria natureza, a democracia convida a um perpétuo exercício de reavaliação., Para bem funcionar, exige crítica. Ora, mais apto a exercer a crítica é em tese – sempre em tese – quem passou pela escola.

Como resolver o problema do precário nível educacional do eleitorado? Solução fácil e cirúrgica seria extirpar suas camadas iletradas. Cassem-se os direitos políticos dos analfabetos e semianalfabetos e pronto: cortou-se o mal pela raiz. Além do mais, a solução está em consonância com a prática dos nossos maiores. A história eleitoral do Brasil é um desfile de cassassões a parcelas da população. No período colonial, só podiam eleger e ser eleitos os "homens bons", curiosa e maliciosa expressão que transpõe um conceito moral – o de ""bom" – para uma posição social. "Homens bons" eram os que não tinham o "sangue infecto" – não eram judeus, mouros, negros, índios – nem exerciam "ofício mecânico" – não eram camponeses, artesãos nem viviam de alguma outra atividade manual. Sobravam os nobres representantes da classe dos proprietários e pouco mais. No período imperial, o critério era a renda; só votava quem a usufruísse a partir de certo mínimo. As mulheres só ganharam direito de voto em 1932. Os analfabetos, em 1985. Sim, cassar parte do eleitorado se encaixarià na tradição brasileira. Mas, ao mesmo tempo – que pena –, atentaria contra a democracia. Esta será tão mais efetiva quanto menos restrições contiver à participação popular. Quanto mais restrições, mais restritiva será ela própria.

Outra solução, menos brutal, e por isso mesmo advogada, esta, sim, amplamente, é a conversão do voto obrigatório em voluntário. A suposição é que as camadas menos educadas são as mais desinteressadas das eleições. Portanto, seriam as primeiras a desertar. O raciocínio é discutível. Por um lado, o ambiente em que se pode ou não votar pode revelar-se muito mais favorável à arregimentação de eleitores em troca de favores, ou a fórçá-los a comparecer às urnas mediante ameaça. Por outro, a atração da praia, do clube ou da viagem, se a eleição cai num dia de sol, pode revelar-se irresistível a ponto de sacrificar o voto mesmo entre os mais bem informados. A conclusão é que o problema não é no eleitorado. Não é nele que se deve mexer. Tê-lo numeroso e abrangente é uma conquista da democracia brasileira. O problema está na outra ponta — a da escola. Não tê-la, ou tê-la em precária condição, eis o entrave dos entraves, o que expõe o Brasil ao atraso e ao vexame.

VEJA, 28 de julho de 2010, p. 162

Esse é um bom exemplo de artigo de opinião. O articulista defende a ideia de que os baixos índices educacionais no Brasil são prejudicias à democracia e sugere que a melhor solução para isso não é restringir o eleitorado, tornando o voto facultativo ou permitindo o voto somente àqueles que possuem determinado grau escolar, mas sim investir em educação. O autor utiliza, como recursos, índices percentuais, opiniões de especialistas em ciência política, historiografia oficial brasileira e intertextualidade – presente no título, que sucita o título do livro A bolsa e avida, de Jacques Le Goff – para construir seu ponto de vista.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O CÃO E A PATA QUEBRADA. UM HOMEM E AS HUMANIDADES

Faz parte de meu dia-a-dia ensinar redação. E, por consequência, corrigi-las. É uma tarefa que me apetece, embora consuma a alma, como dizem. Gosto porque é um momento em que eu posso articular todo meu conhecimento vernáculo, literário, social, filosófico. Gosto também porque é o momento em que posso conhecer mais meus alunos. Saber o que pensam e como pensam. E gosto ainda porque posso, numa pretensão justificada pela pedagogia, dizer o que pensar e como pensar. Eu até tento isso evitar, mas não me termine um texto dizendo que precisamos nos unir, nem o comece fazendo menções à atualidade. Nada contra quem pensa que o problema da criminalidade acontece atualmente e carece de união para ser resolvido, mas há muitas outras coisas para se pensar, ora!

E de tanto redações corrigir, seria hipocrisia dizer que a mecanicidade que emana de toda tarefa corriqueira não atingiu meu trabalho. Atingiu. Sei como começar, como terminar. Sei onde se escondem os problemas de concordância, de ortografia. Sei como certos períodos vão terminar e até mesmo o número de linhas que a produção contém só de olhá-la. Sou perito em destruncar textos – profissional em amarrá-los. Não que eu seja bom. É o hábito. É a linha de produção de produção de textos: escrevem, corrijo, reescrevem. Tudo seguindo a demanda do mercado, as tendências dos últimos vestibulares. Sou, praticamente, um supervisor de fábrica.

Isso me faz frio. Não poupo críticas. Estimulo, sim, mas sou sincero. Risco, sublinho. Circulo sem dó e, se preciso, escrevo outro texto no verso. Não que eu seja bom. É o hábito. Vibro com textos brilhantes, xingo os não tão e, depois de um calhamaço supervisionado, sinto-me satisfeito, como aquele que termina um pedido. Eu confesso que é uma paixão – supervisionar textos, pesquisar a demanda do mercado, atualizar-me com as tendências e, principalmente, poder ler e palpitar sobre o que os outros escrevem é gratificante. Consome-me a alma, mas depois de uma vez consumida...

Talvez seja essa paixão que me atrai mais textos. Sempre há uma monografia extra para corrigir, uma carta. Um e-mail de um amigo para seu professor. É rotina. E reclamo, como quem reclama da esposa ou do emprego. Hoje foi assim. Ajudei minha menina a corrigir os textos dela. Ela também ensina redação e, por consequência, as corrige. Não foi difícil ajudar. Não que eu seja bom. É o hábito. Logo me adaptei aos símbolos e aos parâmetros de correção e lasquei a esferográfica vermelha nos desvios ortográficos, gramaticais e textuais. Foram duas horas entre duas pilhas de papel – a dos corrigidos e a dos por corrigir. E foi mecânico. Supervisionei como sempre. Rápido – sem dó. Vibrando e xingando. Mas não foi assim todo o tempo. Foi até eu me deparar com um desenho de um cachorrinho com a pata quebrada, ao lado de um homenzinho que o ajudava. Era um homenzinho como outrora eu desenhara, quando não sabia corrigir redações; era um cachorrinho como outrora eu desenhara, quando não lia Marx, Aluísio e teorias da evolução. Era uma redaçãozinha de sexta série.

Fazia muito tempo que não via desenhos em redações. É lógico que esse desenho tinha sua razão. Um texto de sexta série – crianças – sobre a solidariedade – crianças. Era desenho colorido, mal colorido, mal desenhado, em perfil. Não entendo de desenhos, mas bom aquele não era. Era contornado a lápis preto, trêmulo. Pitando em múltiplas direções – uma negação. Porém era um desenho em uma redação. Era a expressão não-verbal da solidariedade. Um cão adoecido e um homem disposto a ajudá-lo. Ora, uma patinha quebrada não se ignora. Carece, pois, de ajuda súbita. Que homem seria indiferente diante de um cachorrinho com a pata quebrada?

Essa redação não li. Corrigi apenas o desenho. E assinalei dez. Não vou ler. Não quero manchar a pureza do desenho com a frieza gramatical, com o cientificismo linguístico-textual, nem com o idealismo literário. Às favas tudo isso. Da redação o tema era solidariedade e um cãozinho com pata quebrada sendo ajudado por um homem já é suficiente. Já expressa o necessário e demonstra o que é solidariedade. Existe nenhuma necessidade de o texto ler para saber que essa criança atingiu seu objetivo. Foi claro e incisivo – uma metáfora perfeita. Tratou o tema com proeza. Um humanista? Não. Um solidariedista, esse garoto. Um especialista em solidariedade, capaz de atingir qualquer leitor, como comigo fez.

E que saudades esse texto despertou em mim de meus cachorros desenhados de perfil. E que saudade em mim despertou da época em que também era um solidariedista, um esperancista e dominava tão incisivas metáforas. É que hoje não domino mais nada. Domino o vernáculo, o literário e o social. Sou mecânico. Sei onde se escondem os problemas de concordância, de ortografia. Sei como certos períodos vão terminar e até mesmo o número de linhas que a produção contém. Sou perito em destruncar textos – profissional em amarrá-los. Sou humanista. Cientista das humanidades. Conheço Marx, Aluísio e a teoria da evolução e não pararia para ajudar um cachorro com a pata quebrada. Não que eu não seja bom. É o hábito. Triste hábito.

Que saudades da humanidade. Às favas suas ciências.

terça-feira, 27 de julho de 2010

EXERCÍCIOS – VOZES VERBAIS

1. Reconheça as vozes verbais nas seguintes orações:

a) A primavera chegou.

b) Luís foi elogiado pelos professores.

c) A situação piorou muito nestes últimos anos.

d) Não se fica mais triste nesta casa.

e) Os culpados pelo crime foram presos ontem à noite.

f) O apartamento da Tiradentes foi vendido com sucesso.

g) Os fatos foram considerados graves pela população.

h) Lucas atropelou seu cachorro.

2. As seguintes orações encontraram-se em quais vozes verbais? Se estiver na ativa, passe para a passiva e vice-versa.

a) Procurou-se encontrar uma solução viável para o assunto.

b) Julgar-se-á inconstitucional a destruição de tal acervo público.

c) O homem é corrompido pela sociedade.

d) O crime foi julgado pela sociedade.

e) Não gosto de levantar cedo todos os dias.

f) As paredes da escola foram pintadas no início do semestre.

g) Venderam-se muitos livros na Feira de Frankfurt.

h) "O sertanejo é antes de tudo um forte!" (Euclides da Cunha).

3. Reconheça o SE das seguintes orações, transformando as orações que estão na VOZ PASSIVA SINTÉTICA para a VOZ PASSIVA ANALÍTICA e dessa para a VOZ ATIVA.

a) Não se entendeu a proposta do deputado.

b) Vai-se levar o resultado dos exames para o médico responsável.

c) Reconsiderou-se o problema insolúvel.

d) Limpar-se-ão os quartos desocupados.

e) Lavar-se-ia os carros, mas e água?

f) Enquadrou-se o juiz criminoso.

g) Comeu-se todo bolo.

h) Pensou-se em tudo no projeto.

i) Não se anda bem no parque à noite.

j) Consertam-se aparelhos elétricos.

k) Dormia-se demais naquela casa.

l) Aspira-se a um grande futuro.

m) Assiste-se a televisão todos os dias.

n) Como se procede em tal situação?

o) Pela Rodovia dos Bandeirantes, chega-se ao Aeroporto de Cumbica.

4. Passe, se possível, as seguintes orações para a voz passiva sintético ou pronominal:

a) Não trouxeram a encomenda de ontem.

b) No intervalo, o barulho é ensurdecedor na sala dos professores.

c) O galo cantarolava suas velhas cantigas.

d) Tomaram leite com café na recepção.

e) Os cursos começarão em outubro.

f) Não seguiram as determinações da diretoria e foram demitidos.

5. O menino ia assinalando as resposta numa folha.

Passando para a voz passiva, obtém-se a forma verbal:

a) foram assinaladas

b) tinham sido assinaladas

c) iam sendo assinaladas

d) eram assinaladas

6. Os campos foram invadidos pelas águas dos rios que, naquele ano, destruíram toda a plantação:

Passando para a voz ativa e para a passiva, respectivamente, obtêm-se as formas verbais:

a) invadirão – era destruída

b) invadiram – foi destruída

c) tinham invadido – é destruída

d) foi invadido – foi destruído

7. Passando para a voz passiva a frase "Os guardas mantiveram o povo a distância." Teremos:

a) Manter-se-ão os guardas a distância

b) Manter-se-ia o povo a distância

c) Manteve-se o povo a distância

d) Mantêm-se os guardas a distância

MORFOLOGIA – VERBO E FLEXÃO DE VOZ

A flexão de voz indica a relação estabelecida entre o verbo e o seu sujeito. Conforme o tipo dessa relação, o verbo pode apresentar-se na voz ativa, voz passiva ou voz reflexiva

Voz ativa: quando o sujeito é o agente, isto é, aquele que executa a ação expressa pelo verbo.

O gorila comeu a banana.

Voz passiva: quando o sujeito é o paciente, ou seja, o receptor da ação expressa pelo verbo. Há dois tipos de voz passiva:

voz passiva analítica: formada por verbo auxiliar conjugado mais particípio do verbo principal.

A banana foi comida pelo gorila

voz passiva sintética (ou pronominal): formada por verbo na terceira pessoa mais a partícula apassivadora se.

Comeu-se a banana.

Voz reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, ou seja, executor e receptor da ação expressa pelo verbo.

João contou-se na vidraça.

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

MORFOLOGIA - PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Pronomes demonstrativos são aqueles que indicam a posição de um ser em relação às pessoas do discurso, situando-o no espaço ou no tempo.

Os pronomes demonstrativos são os seguintes:

As formas variáveis este, esse, aquele (e flexões) podem funcionar como pronomes substantivos ou pronomes adjetivos. As formas invariáveis isto, isso, e aquilo sempre funcionarão como pronomes substantivos.

Esta casa foi reformada há pouco tempo.

A casa que ele mandou reformar é esta.

A casa foi projetada por aquele arquiteto.

O arquiteto que projetou a casa é aquele.

Isto não poderia ter ocorrido.

Sandra nunca concordou com aquilo.

Dependendo do contexto, também podem funcionar como pronomes demonstrativos as seguintes palavras: o, a, os, as, mesmo, próprio, semelhante, tal.

O, a, os, as são pronomes demonstrativos quando equivalem a aquele(s), aquela(s), aquilo, isso.

Falaram tudo o que queriam.

As atletas convocadas não eram as que estavam em melhor forma.

Tal é pronome demonstrativo quando equivale a este, esse (e flexões), isso.

Não havia motivos reais para tal comportamento.

Semelhante é pronome demonstrativo quando equivale a este, esse (e flexões) e tal.

Não diga semelhante asneira!

Mesmo e próprio são demonstrativos de reforço. Estarão sempre se referindo a um substantivo ou pronome com o qual deverão concordar.

Ele mesmo preparou o jantar.

Ela própria autorizou a viagem do filho.

Fizeram as mesmas reclamações ao síndico.

Não se deve fazer justiça pelas próprias mãos.

Os pronomes demonstrativos, com exceção de mesmo, próprio, semelhante e tal, podem aparecer unidos a preposições.

deste, desta, disto (= de + este, esta, isto)

nesse, nessa, nisso (= em + esse, essa, isso)

daquele, daquela, daquilo (= de + aquele, aquela, aquilo)

àquele, àquela, àquilo, etc. (= a + aquele, aquela, aquilo)

Emprego dos ponomes demonstrativos

1. Os pronomes demonstrativos podem ser utilizados para indicar a posição espacial de um ser em relação às pessoas do discurso.

a) Os demonstrativos de primeira pessoa (este e flexões, isto) indicam que o ser está próximo à pessoa que fala.

Esta menina que está aqui ao meu lado se chama Lúcia.

Este livro que trago comigo é um romance.

Isto que eu tenho nas mãos é uma chave.

b) Os demonstrativos de segunda pessoa (esse e flexões, isso) indicam que o ser está próximo à pessoa com quem se fala.

Essa menina que está aí ao teu lado se chama Lúcia.

Esse livro que tu trazes contigo é um romance.

Isso que você tem nas mãos é uma chave.

c) Os demonstrativos de terceira pessoa (aquele e flexões, aquilo) indicam que o ser está próximo à pessoa de quem se fala, ou distante dos interlocutores.

Aquela menina que estuda na outra sala se chama Lúcia.

Aquele livro que está lá na biblioteca é um romance.

Aquilo que está ali nas mãos de Pedro é uma chave.

2. Os demonstrativos servem para indicar a posição temporal, revelando proximidade ou distanciamento no tempo, em relação à pessoa que fala.

a) O demonstrativo de primeira pessoa este (e flexões) revela tempo presente ou bastante próximo do momento em que se fala.

Hoje é feriado, por isso desejo aproveitar este dia.

Desejo viajar ainda nesta semana.

b) O demonstrativo de segunda pessoa esse (e flexões) revela tempo passado relativamente próximo ao momento em que se fala.

Na quarta-feira passada fiz aniversário; nesse dia reuni-me com os amigos.

No mês passado completei dezoito anos; nesse mesmo mês tirei a carteira de habilitação.

c) O demonstrativo de terceira pessoa aquele (e flexões) revela tempo remoto ou bastante vago.

Em 1970, a seleção brasileira de futebol era imbatível. Naquele ano, o Brasil se sagrou tricampeão mundial.

3. Os pronomes demonstrativos podem indicar o que ainda vai ser dito e aquilo que já foi dito.

a) Devemos empregar este (e flexões) e isto quando queremos fazer referência a alguma coisa que ainda vai ser dita.

Espero sinceramente isto: que sejam chamados os melhores.

Estas são as qualidades de um bom texto: clareza, correção, elegância e concisão.

b) Devemos empregar esse (e flexões) e isso quando queremos fazer referência a alguma coisa que já foi dita.

Que sejam chamados os melhores; é isso que espero.

Clareza, correção, elegância e concisão; essas são as qualidades de um bom texto.

c) Emprega-se este em oposição a aquele quando se quer fazer referência a elementos já mencionados. Este se refere ao mais próximo; aquele, ao mais distante.

Matemática e literatura são matérias que me agradam: esta me desenvolve a sensibilidade; aquela, o raciocínio.

Em expressões como por isso, além disso, isto é, o uso dos demonstrativos nem sempre está em conformidade com as regras. Nessas expressões, sua forma é fixa.

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

MORFOLOGIA - PRONOMES PESSOAIS

Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do discurso. Além das flexões de pessoa (primeira, segunda e terceira), gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), o pronome pessoal apresenta variação de forma (reto ou oblíquo), dependendo da função que desempenhar na oração.

Pronome pessoal reto: desempenha a função de sujeito da oração.

Pronome pessoal oblíquo: desempenha a função de complemento verbal.

Número

Pessoa

Pronomes retos

Pronomes oblíquos

Átonos

Tônicos

singular

primeira

segunda

terceira

eu

tu

ele, ela

me

te

o, a, lhe, se

mim, comigo

ti, contigo

ele, ela, si, consigo

plural

primeira

segunda

terceira

nós

vós

eles, elas

nos

vos

os, as, lhes, se

nós, conosco

vós, convosco

eles, elas, si, consigo

Pronomes de tratamento

Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento. Eles se referem à pessoa a quem se fala (portanto, segunda pessoa), mas a concordância gramatical deve ser feita com a terceira pessoa.

Autoridades de estado

Civis

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Excelência

V. Ex.a

Presidente da República, Senadores da República, Ministro de Estado, Governadores, Deputados Federais e Estaduais, Prefeitos, Embaixadores, Vereadores, Cônsules, Chefes das Casas Civis e Casas Militares

Vossa Magnificência

V. M.

Reitores de Universidade

Vossa Senhoria

V. S.ª

Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais

Judiciárias

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Excelência

V. Ex.a

Desembargador da Justiça, curador, promotor

Meritíssimo Juiz

M. Juiz

Juízes de Direito

Militares

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Excelência

V. Ex.a

Oficiais generais (até coronéis)

Vossa Senhoria

V. S.a

Outras patentes militares

Autoridades eclesiásticas

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Santidade

V. S.

Papa

Vossa Eminência Reverendíssima

V. Em.ª Revm.ª

Cardeais, arcebispos e bispos

Vossa Reverendíssima

V. Revmª

Abades, superiores de conventos, outras autoridades eclesiásticas e sacerdotes em geral

Autoridades monárquicas

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Majestade

V. M.

Reis e Imperadores

Vossa Alteza

V. A.

Príncipes

Outros títulos

Pronome de tratamento

Abreviatura

Usado para

Vossa Senhoria

V. S.ª

Dom

Doutor

Dr.

Doutor

Comendador

Com.

Comendador

Professor

Prof.

Professor

Emprego dos pronomes pessoais

1. Os pronomes oblíquos conosco e convosco são utilizados normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais pronomes devem ser substituídos pela forma anaítica.

Queriam falar conosco.

Queriam falar com nós dois.

2. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que terminam em -r, -s, -z, assumem a forma Io, la, los, las, e os verbos perdem aquelas terminações.

Vou amá-lo por toda a minha vida. (amar + o)

Tu ama-lo como a ti mesma. (amas + o)

O jogo, fi-lo sozinho. (fiz + o)

3. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que terminam em -m, -ão, -õe, assumem a forma no, na, nos, nas.

Entregaram-no ao professor.

O assunto, dão-no por encerrado.

Abençõem-nos para que partam tranqüilos.

4. As formas plurais nós e vós podem ser empregadas para representar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de modéstia.

Nós — disse o prefeito — procuramos resolver o problema das enchentes. (plural de modéstia)

Vós sois minha salvação, meu Deus! (plural majestático)

5. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de vossa, quando nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e sua, quando nos referimos a essa pessoa.

Vossa Excelência já aprovou os projetos? — perguntou o assessor.

Sua Excelência, o governador, deverá estar presente à inauguração — relatou o repórter.

Na primeira frase, empregou-se Vossa Excelência porque o interlocutor falava com o governador. Na segunda, o repórter utilizou a forma Sua Excelência porque falava do governador.

6. Você e os demais pronomes de tratamento (Vossa Majestade, Vossa Alteza, etc), embora se refiram à pessoa com quem falamos (segunda pessoa, portanto), comportam-se gramaticalmente como pronomes da terceira pessoa.

Você trouxe seus documentos?

Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.

7. No português moderno falado no Brasil, você deixou de ser pronome de tratamento e assumiu todas as características e funções de um pronome pessoal de segunda pessoa, substituindo o tu e o vós. No entanto, continua fazendo a concordância com o verbo na terceira pessoa.

Você irá ao cinema? (Você: segunda pessoa; irá: terceira pessoa)

Vocês irão ao cinema? (vocês: segunda pessoa; irão: terceira pessoa)

Colocação Pronominal

Os pronomes oblíquos átonos ( o, a, os, as, lhe, lhes, me, te, se, nos, vos), como todos os outros monossílabos átonos, apóiam-se na tonicidade de alguma palavra próxima. Assim, esses pronomes podem ocupar três posições na oração: antes do verbo; no meio do verbo; depois do verbo.

Antes do verbo: quando o pronome é colocado antes do verbo, ocorre a próclise.

Nunca me revelaram os verdaderiso motivos.

No meio do verbo: quando o pronome é colocado no meio do verbo, ocorre a mesóclise.

Revelar-te-ia os verdadeiros motivos.

Depois do verbo: quanto o pronome é colocado depois do verbo, ocorre a enclise.

Revelaram-me os verdadeiros motivos.

Ênclise

A ênclise ocorre normalmente:

1. com o verbo no início da frase.

Comenta-se que ele deverá receber o prêmio.

2 com o verbo no imperativo afirmativo.

Alunos, apresentem-se ao diretor

3. com o verbo no gerúndio.

Modificou a frase, tornando-a ambígua.

Caso o gerúndio venha precedido pela preposição em, ocorrer a próclise.

Em se tratando de cinema, prefiro filmes europeus.

4. com o verbo no infinitivo impessoal

Leia atentamente as questões antes de resolvê-las.

Próclise

A próclise ocorre geralmente em orações em que antes do verbo haja:

1. palavra de sentido negativo (não, nada, nunca, ninguém, etc.)

Nunca me convidam para festas.

2. conjunção subordinativa

"Quando te encarei frente a frente não vi o meu rosto."(caetanoVeloso)

3. advérbio

Assim se resolvem os problemas

Caso haja pausa depois do advérbio (marcada na escrita por vírgula), ocorrerá a ênclise.

Assim, resolvem-se os problemas.

4. pronome indefinido

Tudo se acaba na vida.

5. pronome relativo

Não encontrei o caminho que me indicaram.

Ocorre também a próclise nas orações iniciadas por palavras interrogativas e exclamativas e nas orações optativas (orações que exprimem um desejo).

Quem te disse que ele não viria? (oração iniciada por palavra interrogativa)

Quanto me custa dizer a verdade! (oração iniciada por palavra exclamativa)

Deus te proteja. (oração optativa)

Mesóclise

A mesóclise só pode ocorrer quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo.

Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.

Caso o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo venha precedido por pronome pessoal reto, ou de alguma palavra que exija a próclise, esta será de rigor.

Eles me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse.

Eu te convidaria para viajar comigo, se pudesse.

Colocação dos pronomes oblíquos átonos nas locuções verbais e nos tempos compostos

Nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no gerúndio, o pronome oblíquo átono pode ser colocado, indiferentemente depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

Quero-lhe apresentar os meus primos que vieram do interior.

Quero apresentar-lhe os meus primos que vieram do interior.

Ia-lhe dizendo as razões da minha desistência.

Ia dizendo-a as razões da minha desistência.

Caso haja antes da locução verbal palavra que exija a próclise, o pronome oblíquo poderá ser colocado, indiferentemente, antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

Não lhe quero apresentar os meus primos que vieram do interior.

Não quero apresentar-lhe os meus primos que vieram do interior.

Alguém lhe ia dizendo as razões da minha desistência.

Alguém dizendo-lhe as razões da minha desistência.

Nos tempos compostos e nas locuções verbais em que o verbo principal está no particípio, a colocação dos pronomes oblíquos átonos será feita sempre em relação ao verbo auxiliar e nunca em relação ao particípio, podendo ocorrer a próclise, a mesóclise ou a ênclise conforme as orientações apresentadas anteriormente.

Havia-lhe contado os verdadeiros motivos da minha desistência.

Nunca o tinha visto antes.

Ter-lhe-ia procurado, se tivesse tempo.

Sentiu-se rejeitado pelos colegas.

Ficou tímido, porque se sentiu rejeitado pelos colegas.

Se não o convidarem, sentir-se-á rejeitado pelos colegas.

Nas locuções verbais e nos tempos compostos, quando se coloca o pronome oblíquo átono depois do verbo auxiliar, pode se usar o hífen

Vou-te devolver o livro amanhã.

Vou te devolver o livro amanhã.

FONTE: NICOLA, J; TERRA, E. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.